Que órgãos são afectados pela apneia do sono?

By Terapiacpap BLOG 0 Comments

Índice de conteúdo

A apneia do sono é uma doença grave em que a respiração é interrompida repetidamente durante o sono. Estas pausas respiratórias, conhecidas como apneias, podem durar de alguns segundos a mais de um minuto e podem ocorrer muitas vezes durante a noite. Durante estes episódios, o oxigénio não chega aos órgãos em quantidade suficiente, enquanto o dióxido de carbono se acumula no corpo. Quando o cérebro detecta esta falta de oxigénio e o excesso de dióxido de carbono, envia sinais para que a pessoa acorde por breves instantes e comece a respirar novamente. Embora estas pausas possam parecer insignificantes, o impacto cumulativo pode ser devastador para vários órgãos do corpo.

O cérebro e a saúde cognitiva

Um dos órgãos mais vulneráveis à privação de oxigénio é o cérebro. Durante os episódios de apneia, o cérebro recebe quantidades insuficientes de oxigénio, o que pode afetar significativamente o seu funcionamento. O cérebro necessita de um fluxo constante de oxigénio para realizar processos essenciais como a memória, a concentração e a tomada de decisões.

As pessoas que sofrem de apneia do sono podem sofrer de perturbações cognitivas, problemas de memória, dificuldade de concentração e alterações de humor. A longo prazo, a apneia não tratada pode aumentar o risco de demência e da doença de Alzheimer, uma vez que os danos repetidos no tecido cerebral podem afetar áreas relacionadas com a cognição.

Além disso, a apneia do sono pode causar microdespertares, breves interrupções do sono que, mesmo que a pessoa não se lembre, impedem o cérebro de entrar em fases de sono profundo e repousante. Isto leva a uma sensação de fadiga crónica e sonolência durante o dia.

O coração e o sistema cardiovascular

O coração é outro órgão gravemente afetado pela apneia do sono. Durante os episódios de apneia, os baixos níveis de oxigénio no sangue obrigam o coração a trabalhar mais para bombear sangue rico em oxigénio para os órgãos. Esta sobrecarga repetitiva pode causar danos significativos no sistema cardiovascular.

A apneia do sono está diretamente ligada a um risco acrescido de desenvolver hipertensão arterial, uma vez que as flutuações do oxigénio e do dióxido de carbono podem desencadear a libertação de hormonas do stress, como a adrenalina, que aumentam a pressão arterial. A longo prazo, isto pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas.

Além disso, a apneia do sono não tratada aumenta o risco de arritmias, ataques cardíacos e insuficiência cardíaca. Nas pessoas com problemas cardíacos pré-existentes, a apneia do sono pode agravar significativamente a sua condição e aumentar o risco de complicações graves, como um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral.

Os rins e a função renal

O impacto da apneia do sono nos rins é menos conhecido, mas não menos importante. Os rins dependem de um fluxo sanguíneo constante e de boa qualidade para filtrar as toxinas do corpo. Durante as pausas respiratórias da apneia do sono, a diminuição do oxigénio pode afetar a função renal, o que pode interferir com a sua capacidade de regular a pressão sanguínea e eliminar os resíduos do organismo.

A longo prazo, a apneia do sono tem sido associada a um risco acrescido de desenvolvimento de doença renal crónica. Além disso, nos doentes que já têm problemas renais, a apneia pode agravar estas condições e acelerar a deterioração da função renal.

O fígado e a saúde do fígado

O fígado também é afetado pelos baixos níveis de oxigénio associados à apneia do sono. A apneia não tratada pode contribuir para o desenvolvimento de esteatose hepática não alcoólica (acumulação de gordura no fígado), uma condição que pode progredir para uma doença hepática mais grave se não for tratada precocemente.

Estudos demonstraram que as pessoas com apneia do sono podem ter níveis elevados de enzimas hepáticas, o que indica danos no fígado. O stress oxidativo causado pela falta de oxigénio pode afetar a capacidade do fígado para decompor as toxinas e regular os níveis de glicose e gordura no organismo, aumentando o risco de desenvolver resistência à insulina e diabetes tipo 2.

Os pulmões e a respiração

Embora a apneia do sono seja uma perturbação da respiração, os pulmões também são indiretamente afectados. As interrupções repetidas da respiração conduzem à instabilidade respiratória e podem aumentar a probabilidade de desenvolver outras doenças respiratórias, como a asma ou a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

Nas pessoas com doenças pulmonares pré-existentes, a apneia do sono pode agravar os sintomas, tornando a respiração ainda mais difícil e aumentando a necessidade de tratamento médico mais intensivo. A apneia do sono pode também reduzir a capacidade pulmonar e afetar a qualidade da respiração durante o dia.

O sistema metabólico e a diabetes

A apneia do sono tem um impacto significativo no metabolismo do organismo, nomeadamente na regulação da glicose e da insulina. As interrupções do sono e os baixos níveis de oxigénio podem alterar a forma como o corpo utiliza a insulina, aumentando o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

As pessoas com apneia do sono podem também sentir um aumento do apetite e do desejo por alimentos não saudáveis, contribuindo para o aumento de peso e obesidade, ambos factores de risco para o desenvolvimento de resistência à insulina e diabetes.

A apneia do sono é muito mais do que uma simples interrupção do sono. As pausas respiratórias repetidas privam o corpo de oxigénio, o que pode danificar progressivamente órgãos vitais como o cérebro, o coração, os rins, o fígado e os pulmões. Estes danos não só afectam a qualidade de vida, como também aumentam o risco de desenvolver doenças graves, como a hipertensão, a insuficiência cardíaca, a diabetes e a doença renal.

O tratamento da apneia do sono é crucial para evitar danos a longo prazo nestes órgãos e melhorar a saúde geral. Se suspeitar que sofre de apneia do sono, é importante procurar assistência médica para obter um diagnóstico correto e iniciar o tratamento, incluindo a utilização de dispositivos como o CPAP ou mudanças no estilo de vida.