Apneia do sono e depressão: coisas que precisa de saber

A apneia do sono é uma perturbação do sono comum que afecta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracteriza-se por interrupções na respiração durante o sono, o que resulta numa má qualidade do sono e em vários problemas de saúde. Uma das ligações menos conhecidas associadas à apneia do sono é a sua relação com a depressão. Neste artigo, vamos explorar a relação entre a apneia do sono e a depressão, esclarecendo alguns aspetos cruciais que deve conhecer.

Compreender a apneia do sono

A apneia do sono é uma condição em que uma pessoa tem pausas na respiração ou respirações superficiais enquanto dorme. Estas interrupções intermitentes da respiração, conhecidas como eventos de apneia, podem durar de alguns segundos a alguns minutos e podem ocorrer várias vezes durante a noite. Os dois principais tipos de apneia do sono são a apneia obstrutiva do sono (AOS) e a apneia central do sono (ACS), sendo a AOS a forma mais prevalente.

A apneia obstrutiva do sono ocorre normalmente quando os tecidos moles na parte posterior da garganta relaxam e bloqueiam as vias respiratórias, limitando o fluxo de oxigénio. Como resultado, o cérebro envia sinais para acordar a pessoa, muitas vezes com um suspiro ou ressonar alto, para restabelecer a respiração normal. Estes despertares repetidos perturbam o ciclo do sono, impedindo a pessoa afetada de atingir fases profundas e reparadoras do sono.

A relação entre a apneia do sono e a depressão

Estudos recentes descobriram uma associação significativa entre a apneia do sono e a depressão. No entanto, a natureza exata desta relação é complexa e multifatorial. É importante compreender que a apneia do sono não causa diretamente a depressão, mas pode contribuir para o seu desenvolvimento e exacerbar os sintomas depressivos existentes. Vários mecanismos potenciais ligam as duas condições:

  1. Interrupção do sono

A interrupção do sono causada pela apneia do sono pode levar a sonolência diurna excessiva, fadiga e perturbações do humor. As pessoas com apneia do sono acordam frequentemente com uma sensação de falta de energia, o que pode ter um impacto negativo na sua sensação geral de bem-estar e contribuir para sentimentos de depressão.

  1. Privação de oxigénio

Durante os episódios de apneia, os níveis de oxigénio no sangue diminuem, causando breves episódios de hipoxia. Estes períodos de privação de oxigénio podem afetar o funcionamento do cérebro e conduzir potencialmente a um défice cognitivo e a perturbações do humor, incluindo depressão.

  1. Inflamação

A apneia do sono está associada a uma inflamação crónica de baixo grau devido à hipóxia intermitente e à libertação de mediadores inflamatórios. A inflamação crónica tem sido associada à depressão e pode agravar ainda mais os sintomas depressivos em pessoas com vulnerabilidade existente.

  1. Fatores de risco partilhados

Tanto a apneia do sono como a depressão partilham vários fatores de risco, como a obesidade, o sedentarismo, o envelhecimento e certas condições médicas. A sobreposição destes fatores de risco pode contribuir para a elevada prevalência de depressão nas pessoas com apneia do sono.

Identificação e tratamento da apneia do sono e da depressão

Dado o potencial impacto da apneia do sono na depressão, é crucial a identificação precoce e a gestão eficaz de ambas as condições. Se suspeitar que pode ter apneia do sono ou se estiver a sentir sintomas de depressão, consulte um profissional de saúde para avaliação e diagnóstico.

Os sintomas mais comuns da apneia do sono incluem ressonar alto, ofegar ou engasgar-se durante o sono, acordar com a boca seca ou dor de garganta, dores de cabeça matinais, sonolência diurna excessiva e dificuldade de concentração. Os sintomas de depressão podem incluir tristeza persistente, perda de interesse em atividades, alterações no apetite e nos padrões de sono, fadiga, dificuldade de concentração e pensamentos de automutilação ou suicídio.

As estratégias de gestão eficazes para a apneia do sono envolvem modificações do estilo de vida, como manter um peso saudável, praticar exercício físico regularmente, evitar o álcool e os sedativos antes de deitar e dormir de lado. A terapia de pressão positiva contínua nas vias respiratórias (CPAP) é frequentemente prescrita para casos moderados a graves de apneia do sono, o que implica a utilização de uma máscara ligada a uma máquina que fornece ar pressurizado para manter as vias respiratórias abertas durante o sono.

Para a depressão, os tratamentos podem incluir terapia, medicação ou uma combinação de ambos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é habitualmente utilizada para abordar os padrões de pensamento e os comportamentos negativos associados à depressão. A medicação antidepressiva, prescrita por um profissional de saúde, também pode ser benéfica para gerir os sintomas depressivos.

A apneia do sono e a depressão partilham uma relação complexa, sendo que cada doença pode influenciar e agravar a outra. Compreender a interligação entre a apneia do sono e a depressão é vital para promover uma melhor saúde e bem-estar geral. Se suspeitar que está a ter sintomas de qualquer uma destas doenças, procurar ajuda profissional é crucial para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Ao abordar a apneia do sono e a depressão, pode dar passos significativos no sentido de melhorar a sua qualidade de vida e saúde mental.

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Sergio Delgado

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